Sábado, 21 de Abril de 2007

Homenagem

Viver sem medoDeixo aqui uma homenagem aos portugueses que tiveram a coragem de nos libertar de uma ditadura anacrónica, de nos restituir a liberdade e a dignidade.

Ao contrário dos outros ditadores europeus dos anos 30, Salazar era instruído, professor catedrático da Universidade de Coimbra, mentia, intimidava e matava para se conservar no poder -- mas com muita competência, dentro da "legalidade".

"(...)e por outras maneiras que sabemos

      Tão sábias, tão subtis e tão peritas

      Que não podem sequer ser bem descritas"

como tão bem o descreveu a Sophia, nesse tempo. Escrevia bem, um português escorreito, nada que se pareça com o "Mein Kampf", era mesmo competente, como tirano! Outro escrito de Sophia :

        O velho abutre alisa as suas penas

        A podridão lhe agrada e os seus discursos

        Têm o dom de fazer as almas mais pequenas

 

Aqui ficam alguns dos grandes feitos do "maior português de sempre", uma lista injustamente pouco conhecida, por um lado porque a modéstia do Doutor, no seu tempo, não permitiu à imprensa que a divulgasse e, por outro lado, porque, quando ela a pôde publicar, nós, mal agradecidos, já não queríamos saber: 

 

1931

O estudante V. Branco morto pela PSP, durante uma   manifestação no
Porto;

1932

Armando Ramos, jovem, morto em consequência de espancamentos; Aurélio
Dias, fragateiro, é morto após 30 dias de tortura; Alfredo Ruas, é
assassinado a tiro durante uma   manifestação em Lisboa;

1934, 18 de Janeiro

Américo Gomes,operário, morre em Peniche, após dois meses de tortura;
Manuel Vieira Tomé, sindicalista ferroviário morre durante a tortura
em consequência da repressão da greve;Júlio Pinto,operário vidreiro,
morto à pancada; a PSP mata um operário conserveiro durante arepressão
de uma greve em Setúbal

1935

Ferreira de Abreu, dirigente da organização juvenil do PCP, morre no
hospital após ter sido espancado na sede da PIDE (PVDE);

1936

Francisco Cruz, operário da Marinha Grande, morre na Fortaleza de
Angra do Heroísmo, vítima de maus-tratos, é deportado do 18 de Janeiro
de 1934; Manuel Pestana Garcez, trabalhador, é morto durante a
tortura;

1937

Ernesto Faustino,operário;José Lopes, operário anarquista, morre
durante a tortura, sendo um dos presos da onda de repressão que se
seguiu ao atentado a Salazar; Manuel Salgueiro Valente,
tenente-coronel, morre em   condições suspeitas no forte de Caxias;
Augusto Costa, operário da Marinha Grande, Rafael Tobias Pinto da
Silva, de Lisboa, Francisco Domingues Quintas, de Gaia, Francisco
Manuel Pereira, marinheiro de Lisboa, Pedro Matos Filipe, de Almada e
Cândido Alves Barja, marinheiro, de Castro Verde, morrem no espaço de
quatro dias no Tarrafal,   vítimas das febres e dos maus tratos;
Augusto Almeida Martins,  operário, é assassinado na sede da PIDE
(PVDE) durante a tortura; Abílio Augusto Belchior,operário do Porto,
morre no Tarrafal,vítima das febres e dos maus-tratos;

1938

António Mano Fernandes, estudante de Coimbra, morre no Forte de
Peniche, por lhe ter sido recusada assistência médica, sofria de
doença cardíaca; Rui Ricardo da Silva, operário do Arsenal, morre no
Aljube, devido a tuberculose contraída em   consequência de
espancamento perpetrado por seis agentes da PIDE durante oito horas;
Arnaldo Simões Januário, dirigente anarco-sindicalista, morre no campo
do Tarrafal, vítima de maus-tratos; Francisco Esteves, operário
torneiro de Lisboa, morre na tortura na sede da PIDE; Alfredo
Caldeira, pintor, dirigente do PCP, morre no Tarrafal após lenta
agonia sem assistência médica;

1939

Fernando Alcobia, morre no Tarrafal,vítima de doença e de maus-tratos;

1940

Jaime Fonseca de Sousa, morre no Tarrafal,vítima de maus-tratos;
Albino Coelho, morre também no Tarrafal;Mário Castelhano, dirigente
anarco-sindicalista, morre sem assistência médica no Tarrafal;

1941

Jacinto Faria Vilaça, Casimiro Ferreira; Albino de Carvalho;António
Guedes Oliveira e Silva; ErnestoJosé Ribeiro,operário, e José Lopes
Dinis morrem no Tarrafal;

1942

Henrique Domingues Fernandes morre no Tarrafal; Carlos Ferreira
Soares,   médico, é assassinado no seu consultório com rajadas de
metralhadora, os agentes assassinos alegam legítima defesa (?!); Bento
António Gonçalves,secretário-geral do P. C. P. Morre no
Tarrafal;Damásio Martins Pereira, fragateiro, morre no Tarrafal;
FernandoÓscar Gaspar, morre tuberculoso no regresso da
deportação;António de Jesus Branco morre no Tarrafal;

1943

Rosa Morgado, camponesa do Ameal (Águeda), e os seus filhos, António,
Júlio e Constantina, mortos a tiro pela GNR; Paulo José Dias, morre
tuberculoso no Tarrafal; Joaquim Montes, morre no Tarrafal com febre
biliosa; José Manuel Alves dos Reis morre no Tarrafal; Américo
Lourenço Nunes,operário, morre em consequência de espancamento
perpetrado durante a repressão da greve de Agosto na região de Lisboa;
Francisco do Nascimento Gomes, do Porto, morre no Tarrafal; Francisco
dos Reis Gomes, operário da Carris do Porto, é morto durante a
tortura;

1944

General José Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser
recusado internamento hospitalar; Francisco Ferreira Marques, de
Lisboa, militante do PCP, em consequência de espancamento e após um
mês e meio de incomunicabilidade; Edmundo Gonçalves, morre tuberculoso
no Tarrafal; uma mulher e uma criança, assassinados a tiro de
metralhadora durante a repressão da GNR sobre os camponeses rendeiros
da herdade da Goucha (Benavente), mais 40 camponeses feridos a tiro.

1945

Manuel Augusto da Costa morre no Tarrafal; Germano Vidigal, operário,
assassinado com esmagamento dos testículos, depois de três dias de
tortura no posto da GNR de Montemor-o-Novo; Alfredo Dinis (Alex),
operário e dirigente do PCP, é assassinado a tiro na estrada de
Bucelas; José   António  Companheiro, operário, de Borba, morre de
tuberculose em consequência dos maus-tratos na prisão;

1946

Manuel Simões Júnior, operário corticeiro, morre de tuberculose após
doze anos de prisão e de deportação; Joaquim Correia, operário
litografo do Porto, é morto por espancamento após quinze meses de
prisão;

1947

José Patuleia, assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a
tortura na sede da PIDE;

1948

António Lopes de Almeida, operário da Marinha Grande, é morto durante
a tortura; Artur de Oliveira morre no Tarrafal; Joaquim Barreiros,
marinheiro da Armada, morre no Tarrafal após doze anos de
deportação;António Guerra, operário da Marinha Grande, preso desde 18
de Janeiro de 1934, morre quase cego e após doença prolongada;

1950

Militão Bessa Ribeiro, operário e dirigente do PCP, morre na
Penitenciaria de Lisboa, durante uma greve de fome e após nove meses
de incomunicabilidade; José Moreira, operário, assassinado na tortura
na sede da PIDE, dois dias após a prisão, o corpo largado por uma
janela do quarto andar para simular suicídio; Venceslau Ferreira morre
em Lisboa  após tortura; Alfredo Dias Lima, assalariado rural, é
assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Alpiarça;

1951

Gervásio da Costa, operário de Fafe, morre vítima de maus-tratos na
prisão;

1954

Catarina Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão,
durante uma greve, com uma filha nos braços;

1957

Joaquim Lemos Oliveira, barbeiro de Fafe, morre na sede da PIDE no
Porto  após quinze dias de tortura; Manuel da Silva Júnior, de Viana
do Castelo, morto durante a tortura na sede da PIDE, no Porto, sendo o
corpo, irreconhecível, enterrado ás escondidas num cemitério do Porto;
José Centeio, assalariado rural de Alpiarça,e assassinado pela PIDE;

1958

José Adelino dos Santos, assalariado rural, assassinado a tiro, pela
GNR, durante uma manifestação em Montemor-o-Novo; vários outros
trabalhadores feridos a tiro; Raul Alves, operário da Póvoa de Santa
Iria, após quinze dias de tortura, largado por uma janela do quarto
andar da sede da PIDE; a esposa do embaixador do Brasil assiste à sua
morte;

1961

Cândido Martins Capilé,operário corticeiro, é assassinado a tiro pela
GNR durante uma manifestação em Almada; José Dias Coelho, escultor e
militante do PCP,é assassinado à queima-roupa numa rua de Lisboa;

1962

António Graciano Adágio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel,
assassinados a tiro pela GNR; Estêvão Giro,operário de Alcochete, é
assassinado a tiro pela PSP durante a   manifestação do 1: de Maio em
Lisboa;

1963

Agostinho Fineza, operário tipógrafo do Funchal, é assassinado pela
PSP, sob a indicação da PIDE, durante uma   manifestação em Lisboa;

1964

Francisco Brito, desertor da guerra colonial, é  assassinado em Loulé
pela GNR; David Almeida Reis, trabalhador, assassinado por agentes da
PIDE durante uma manifestação em Lisboa;

1965

General Humberto Delgado e a sua secretaria Arajaryr Campos
assassinados a tiro em Vila Nueva del Fresno (Espanha) pelo inspector
da PIDE Rosa Casaco, o sub-inspector Agostinho Tienza e o agente
Casimiro Monteiro;

1967

Manuel Agostinho Góis, trabalhador agrícola de Cuba, morre vítima de
tortura na PIDE;

1968

Luís António Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima
de maus-tratos; Herculano Augusto, trabalhador rural, espancado e
morto no posto da PSP de Lamego por condenar publicamente a guerra
colonial; Daniel Teixeira, estudante, morre no Forte de Caxias, em
situação de incomunicabilidade, depois de agonizar durante uma noite
sem assistência;

1969

Eduardo Mondlane, dirigente da Frelimo, assassinado através de um
atentado organizado pela PIDE;

1972

José António Leitão Ribeiro Santos, estudante de Direito em Lisboa e
militante do MRPP, assassinado a tiro durante uma reunião de apoio à
luta do povo vietnamita e contra a repressão; o seu assassino, o
agente da PIDE Coelho da Rocha, viria a escapar-se na
"fuga-libertação" de Alcoentre, em Junho de 1975;

1973

Amílcar Cabral, dirigente da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde,
é assassinado por um bando mercenário a soldo da PIDE, chefiado por
Alpoim Galvão;

1974, 25 de Abril

Fernando Carvalho Gesteira, de Montalegre,José Barreto, de Vendas
Novas, Fernando Barreiros dos Reis, soldado de Lisboa e José Guilherme
Rego Arruda, estudante dos Açores, assassinados a tiro pelos pides
acoitados na sua sede na Rua António Maria Cardoso, ainda feridas duas
dezenas de pessoas.

Houve ainda dezenas de mortos na repressão da revolta da Madeira, em Abril de 1931 e dezenas na repressão da revolta de 26 de Agosto de 1931. Um número indeterminado de mortos nas deportação para a Guiné, Timor, Angra e Cunene. Um número indeterminado de mortos devido à
intervenção da força fascista dos "Viriatos" na guerra civil de
Espanha e a entrega de fugitivos aos pelotões de fuzilamento
franquista; as dezenas de mortos em São Tomé, na repressão ordenada
pelo governador Carlos Gorgulho sobre os trabalhadores que recusaram o
trabalho forçado, em Fevereiro de 1953. Muitos milhares de mortos
durante as guerras coloniais, vítimas do Exército, da PIDE, da OPVDC,
dos "Flechas", etc.

publicado por paradoxosfilho às 19:52
link | favorito
De Ana Paula a 22 de Abril de 2007 às 11:55
É verdade, Zé António, acho que muitos dos nossos actuais governantes e não só... já se esqueceram que houve gente que morreu e famílias que sofreram muito para hoje nós podermos viver em liberdade. Espero bem que não se esqueçam tanto, tanto... que ponham em risco essa liberdade tão conquistada a punho.
Beijo
Ana Paula


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