Trata-se de impedir a destruição de um sítio, de uma forma de vida, de uma cultura, destruição que se destina a criar um espaço banal, vulgar, consumista, lucrativo... para quem? Trata-se de uma luta contra a mediocridade, de uma luta justa!
Esta senhora, uma cientista em neuro-anatomia, teve uma hemorragia no cérebro esquerdo e tenta descrever-nos o que é "estar" no cérebro direito, no maravilhoso silêncio do nirvana.
Palestra no TED, em 12 deste mês.
Era obrigatório ir à escola até à 3ª classe, depois até à 4ª (sem a 4ª classe não se podia ter carta de condução, muita gente se instruiu por isso!).
Aos 10 ou 11 anos, com a 4ª classe, quem quisesse, tivesse pais dispostos a isso (e capazes disso), podia fazer o exame de admissão aos Liceus. É que se podia ter a 4ª classe e não ser admitido aos liceus.
Ser admitido, que coincidia com tirar o bilhete de identidade, que era necessário, era o final da infância, uma espécie de iniciação; era habitual, no Liceu, os alunos serem tratados por Sr. Fulano, enquanto na escola não.
Estes senhores estavam no Liceu porque tinham conseguido entrar lá. Ninguém os coagira. No Liceu havia uma disciplina, claro, havia regras; as regras faziam parte da escolha que o aluno fizera, a de ser aluno! Em alternativa poderia ter ido trabalhar como servente de um mestre, instituição medieval que perdurava, ou simplesmente continuar a ajudar no campo, com responsabilidades que iam crescendo com ele. Havia sempre lugar na lavoura.
Era uma sociedade injusta, como a de hoje, aliás. Os filhos dos proprietários rurais iam parar a Coimbra, onde pouco aprendiam, os filhos dos caseiros dificilmente. Essa injustiça foi sentida pela geração que apoiou a Reforma do ministro Veiga Simão, do governo de Marcelo Caetano, o privilégio, sentido, justamente, como injusto, deveria ser expandido a toda a população. Eventualmente o ensino obrigatório estendeu-se aos Liceus. Os miúdos, coagidos a estudar por força da lei, deixaram de ser senhores. Gente coagida a fazer algo cabe melhor na designação de escravo.
Os Liceus encheram-se de gente que não queria estudar, que lá estava porque a isso era obrigada. Como era muita gente precisava de muitos professores, que as universidades produziam aos milhares e a quem a sociedade não conseguia dar emprego suficiente. Professores que, muitas vezes, teriam querido ter outro trabalho. O que é estranho é que destes novos liceus tenham saído alguns dos melhores cientistas do mundo, e saíram!
Mas não é estranho que uma “aluna”, obrigada a aprender francês, recuse à sua professora o direito de lhe tirar o telefone portátil. Estranho é que ela esteja na aula se a não quer ouvir.
Partilho o sentimento, que é o da minha geração, de que a escola deva ser acessível a todos. Abomino a ideia de que deva ser obrigatória (coisa que também será da geração que dizia “é proibido proibir”). Qualquer coacção é uma violência. A violência, além de desnecessária, não funciona. Aliás, só aprendemos o que queremos aprender. Tantos miúdos vão espontaneamente à Wikipédia procurar informações, conhecimentos … que sentido faria obrigar os miúdos todos a pesquisar a Wikipédia, para seu bem? E seria a enciclopédia toda, ou só aquilo que os ministros decretassem?
Eu sei, o bom senso está, habitualmente, uns bons 20 anos à frente do senso comum… e o dito senso comum ainda pensa que somos pouco mais que macacos amestrados que, se não formos forçados a ser civilizados só queremos fazer macaquices, um perigo! É um “humanismo” que não acredita no homem; que pensa que tem que fazer muitas leis para nos obrigar a ser gente.
Mas a nossa é uma geração anarca, leitor, cuidado com o que lê! É uma geração que acha que toda a gente merece respeito, que abomina a violência, que ama a liberdade e que tem a lata de pensar que toda a gente é assim, no fundo.
Os problemas da democracia resolvem-se aprofundando a democracia. Nunca com violência.
Respeito, dignidade, estes são valores centrais da Organização das Nações Unidas, são valores que estão na base da criação da Paz. Embora haja jovens que querem a independência, o Dalai Lama pede apenas contactos para uma autonomia; o importante é que se pare de tentar destruir uma cultura, com a sua religião, aquela que está no “Tecto do Mundo”, por sinal.
Petição pelo fim da violência no Tibete
De uma fotografia de Mica Costa Grande, Laasa, Novembro de 2003
Outra petição, ao Presidente da China, que vai em quase 800 milhões (errata de 14.Maio.2008: onde se lê "milhões" leia-se "mil". Hoje, o dobro, um milhão e seicentos mil).
Não gosto deste papel (que foi bastante o da minha geração e o meu) de “explicar” coisas às pessoas com ou sem a quarta classe, em vez de aprender com elas. É evidente que a cultura portuguesa, para não falar em sabedoria, se não mede pelos anos de estudo. Quando acordei, hoje, uma senhora queixava-se, no meu sonho, dos médicos da “caixa”: já tinha ido ao médico do coração e continuava a deitar rios de água pelos olhos. Eu ia “explicar” que deveria ter ido ao psiquiatra mas, graças a Deus, acordei. Até porque não acredito nos psiquiatras para tratar as dores da alma.
Deixem-me pôr aqui um soneto de Camões. Fernando Pessoa dizia que há vários níveis de interpretação, níveis simbólicos, o poeta pode estar a falar de um amor bem terreno que morreu ou da “dissociação” da sua própria alma, cansada desta vida, descontente:
Alma minha gentil, que te partiste
E pode estar a falar de Portugal, da nossa alma que partiu para o Brasil, faz hoje anos, nas naus que rumavam à Índia. Vi essa efeméride no jornal de hoje; outra notícia, sincrónica a esta, é a de que se está a formar um novo partido, o “Movimento Esperança Portugal”. Bem-vindo! Seja bem-vindo, até porque o dono do quiosque onde comprei o jornal falava com os clientes de um assunto bem popular, os assaltos. Ao que parece ele propunha deixar os gatunos violentos, depois de um enxerto, pendurados ali no jardim, durante uns dias, depois soltava-os. Não sei se tem a quarta classe ou se anda a “explicar” coisas às pessoas, mas não o sonhei, é um sentir que anda no ar! Se não estivéssemos bem ancorados na Europa, bem teríamos mais um golpe de estado, como é nosso costume, desta vez contra a democracia. Por isso saúdo o novo partido, que é democrata e sensato, me fez lembrar o Obama por ser feito por gente que vem de organizações de solidariedade, com uma ideia simples da política, de serviço público. Oxalá apanhe os votos deste descontentamento, destes cem mil professores, por exemplo, que mostraram ser democratas ao recorrer à rua para falar com surdos.
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