A essência está na relação entre os países do novo mundo e os do velho, nós, Portugal e Espanha. Há um passado em que tivémos poder, semeámos países novos. Eles acolheram emigrantes de todo o mundo e, hoje, são muito mais que as colónias que foram. Mas a história existe.
É uma história de amor, de que as guerras fazem parte. Sentimos o novo mundo como uma esperança, o “El Dorado”, as possibilidades infinitas de ultrapassar as nossas misérias; a natureza e as gentes encantam-nos. É amor o sentimento que temos. O “I Ching” simboliza o amor na relação entre o pai e o filho; nós sentimos que o filho cresceu, é independente, quiçá mais alto que nós, mas ainda o olhamos de cima para baixo, paternalistamente. Queremos ajudar, ensinar e, hoje, é tempo de transformar esse amor em boa comunicação, de mútuo respeito, de criação partilhada de um sonho abrangendo ambos.
Deixámos uns restinhos de racismo que não queremos, social e cultural, ligado aos latifúndios dos nossos descendentes, uma estrutura que não vai ser fácil ultrapassar sem dor.
O presidente eleito da Venezuela, Chávez, sofreu, há uns anos, um golpe de estado, cozinhado pela CIA, à maneira da substituição de Allende por Pinochet, mas que não resultou. Ele saiu reforçado em poder e zangado com a graça. Na altura o embaixador espanhol tentou relacionar-se com o novo regime— o que não vingou— pensando, paternalistamente, que Espanha teria que continuar presente, que teria que aproveitar as suas boas relações com os americanos para ajudar a Venezuela. Era o governo de Aznar, que apoiou a guerra do Iraque. O Rei de Espanha poderia ter condenado o golpe e não o fez. Espanha teria que se dar com a Venezuela, fosse qual fosse o regime político dela, terá pensado; deixou, democrata, o seu governo, Aznar, eleito, agir.
Chávez, nacionalizado o petróleo, tem poder para fazer o que entende por socialismo, o seu programa eleitoral. Desejável para nós, europeus, é que ele se mantenha respeitador da Declaração Universal dos direitos humanos, o que será muito difícil, convenhamos! Parece que já houve alguns atropelos. Para fazer vingar a sua nova Constituição, que, além de incomodar os velhos latifundiários incomoda muitos imigrantes recém enriquecidos, apoia-se nos mais pobres e lembrou-se de ir buscar o velho ressentimento contra o colonizador, emoção que espera lhe dê força. Assim, chamou fascista a Aznar na Cimeira Ibérica e o primeiro-ministro de Espanha veio defender o seu antecessor. Parece que Chávez lhe cortou a palavra, encarniçado contra Aznar. Competiria a um moderador da Cimeira pedir-lhe que deixasse Zapatero falar. Mas foi o Rei de Espanha, que estava entre os dois, quem disse, visivelmente irritado: “Porque não te calas?”. Exactamente o que Chávez queria ouvir, para consumo interno, como ora se diz.
O paradoxo é que Juan Carlos, tendo razão, deveria ter ficado calado. Devemos ouvir para nós as críticas, mesmo justas, que fazemos aos outros. A si mesmo o Rei de Espanha disse “porque não te calas?”. E a resposta é interessante. Não se calou porque havia emoção, frustração e a expressão é um alívio, que justificamos quando nos exprimimos assim, a quente, com a justiça do que dizemos. Por um lado um Rei transporta uma história, houve um tempo em que ninguém se atreveria a desrespeitá-lo. Trata-se de uma pessoa civilizada, que assumiu a sua responsabilidade de ajudar Espanha a recuperar a democracia, sentiu-se com autoridade (paternalista) para sugerir a Chávez como se comportar (sugestão que se assemelhou a uma ordem). E deve carregar o incómodo, a frustração, de, sendo Rei, ter escolhido deixar Aznar “apoiar” o tal golpe, deve ter pena de não ter agido nessa altura; mas não podia, é frustrante não ter poder, são tempos difíceis para os Reis.
Oxalá todos façam uma análise cuidadosa, desfaçam malentendidos, usem a paciência. Não me parece que o perdão, as desculpas, o deitar as coisas para o tal poço sem fundo, ajude. Amor há, abundante. Comunicação exige a procura cuidadosa da verdade. Há interesse mútuo no relacionamento. É mesmo, passe a esperança, da criação de civilização que estamos a fazer, os povos desta cimeira, que pode nascer a nova era. A forma paradoxal que alie as vantagens da velha civilização europeia com a liberdade e o “socialismo” do novo mundo.
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