Falaram-me do poder das palavras. É como falar do poder de uma escavadora, ela pode mudar um sítio mas só faz o que o seu condutor quiser. As palavras não têm poder, são um instrumento. O poder sobre a realidade pode ser bem ou mal usado. Sobre as outras pessoas é inútil, é minha convicção que se trata sempre de um uso inconveniente, prejudicial para ambas as partes, um erro.
Mas as palavras podem evitar lutas, que são inúteis perdas de energia. Por exemplo, cabe agora a Portugal fazer a diplomacia europeia que pode evitar um confronto (não militar mas na frente económica) com a Rússia. Com as palavras podemos encontrar a verdade possível, aquela dose de verdade que as informações de ambos mostrem. Podemos ajudar-nos mutuamente a perceber que é conveniente, a ambos, um acordo e inconveniente um confronto. As palavras, ao contrário do poder, são úteis.
Somos um animal ambicioso, realizámos artefactos e sociedades organizadas que nos surpreendem a nós mesmos. Mas somos animais, uns primatas cuja situação “natural” é ter um chefe que para isso lutou e disso tira os privilégios. Os nossos primos menos brilhantes também têm o instinto da solidariedade, não se ficam pelo da luta pelo poder. Acontece que foi esse instinto de solidariedade que nos permitiu organizar sociedades capazes de permitirem as nossas proezas como espécie. O pacifismo radical de Buda ou de Jesus foi uma descoberta cultural sem a qual não teríamos chegado a este grau de complexidade. Tão grande ela chegou a ser que nos esquecemos da nossa natureza animal; quando a redescobrimos, com a modernidade, com a ciência, houve uma reacção anti-religiosa cujo caminho continua ainda hoje (embora o crescente movimento New Age já seja o sinal de uma reacção contrária). Darwin, o naturismo, o fascismo dos anos 30 são a modernidade a dar importância ao facto de sermos animais. Os fascistas criaram o culto do poder, do chefe e até da violência (hoje sabemos como os animais são poupados com a dita em relação aos da sua espécie).
O liberalismo é uma forma de manter a luta animal, que os nossos modernos continuam a considerar inevitável, dentro das regras da competição. A maior parte das pessoas continua convencida que “a vida é uma luta”. Não digo que não seja, digo que não pode ser; ou seja, para sobrevivermos enquanto espécie o fomento desses instintos não é acertado. E, para os que acreditam no instinto de sobrevivência das espécies, a luta colectiva da nossa pela sua sobrevivência sobrepor-se-á à luta individual. É o tempo da solidariedade, especialmente desde que a crise climática nos deu, espécie, um problema comum.
Partilho com os anarquistas a noção de que o poder sobre os outros é prejudicial às sociedades. Temos o poder de ver, entender, agir, melhorar a vida. Mas, quando temos poder sobre pessoas, as amedrontamos, as forçamos a servir-nos, lhes dificultamos a dignidade— coisas que se passam muito mais que o que gostamos de ver— estamos a prejudicar a espécie. E ela tem diante de si o maior problema de sobrevivência que teve desde que nasceu. Hoje não há canto do planeta a que não chame a sua casa— mas o planeta pode deixar de ser habitável!
A este propósito aconselho o artigo na última página do Público de hoje, uma resposta com humor a quem comparou os ecologistas, ao divinisarem a Terra, aos padres que atribuíram o terramoto de Lisboa à cólera divina. Chamei Gaia à Terra, o nome de uma deusa grega, mas o conceito é apenas para dizer que ela é um ser vivo, sujeito a morrer.
O padre Theillard de Chardin, um jesuíta que era cientista e filósofo, lançou, nos anos 50, o conceito de Noosfera, em que nós seríamos o sistema nervoso do planeta, a sua consciencia (antes do Internet e da globalização!). É legítimo ser poeta, visionário ou filósofo, isso não atrapalha a ciência. Se somos a consciencia da Terra pararemos o aumento de CO2 na atmosfera. O nosso sofrimento actual é semelhante ao de um fumador que lhe custa diminuir o consumo em que se viciou. Mas que sabe que o tem que fazer!
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